InícioAnimeGuilty Crown: Por que Shu Ouma é um protagonista realista

Guilty Crown: Por que Shu Ouma é um protagonista realista

Na esfera dos animes, capturar a essência de personagens que ressoam com realismo e tem sido um desafio intrincado na última década. Muitos personagens são moldados como meros recipientes para a projeção dos espectadores, carecendo de uma substância intrínseca que convide a uma conexão mais profunda.

Shu Ouma, de “Guilty Crown“, é um retrato dessa dinâmica, iniciando sua jornada como um típico “rapaz comum”. No entanto, ele se desvia do estereótipo ao revelar ambições e uma narrativa pessoal que nos atrai e nos mantém investidos em sua trajetória.

O Poder do Rei

A singularidade de Shu ganha contornos mais nítidos quando contrastada com o carismático Lelouch de “Code Geass”, ambos produtos da mesma mente criativa, Hiroyuki Yoshino, com assistência de Ichiro Okouchi. Shu, embora navegando por uma sequência de eventos que espelha a experiência de Lelouch, incluindo a concessão de um poder prodigioso, não é delineado como um líder inato. Ele é inadvertidamente o centro de uma narrativa onde, paradoxalmente, seria mais adequado como um coadjuvante, o que o torna mais genuíno e tangível.

Shu encarna o que é denominado a “Síndrome do Personagem Principal“, refletindo a tendência humana de se ver como o herói de sua própria história. Seu perfil mediano, com uma vida escolar insípida e uma tendência à solidão, juntamente com sua ansiedade social e hesitação em se afirmar, rompe com o molde tradicional dos protagonistas de anime. Shu é a personificação daquele momento universal de hesitação, aquele instante de dúvida que todos nós, em algum momento, enfrentamos.

Vivendo pelas Circunstâncias

A iniciação de Shu ao mundo clandestino de Tóquio e ao poderoso “Poder do Rei” é marcada por circunstâncias fortuitas, mais do que por escolhas deliberadas. Esta narrativa sublinha uma verdade vital: a liderança e a capacidade de influenciar muitas vezes nascem da necessidade, não da predisposição. A relutância de Shu em abraçar o manto da liderança inicialmente, e sua subsequente luta interna entre a lealdade à resistência e o governo, refletem um realismo que ressoa com muitos espectadores.

A jornada de Shu é pontuada por uma série de revelações e desafios que o forçam a sair de sua concha e enfrentar suas falhas. Seu desenvolvimento, permeado por um misto de empatia mal direcionada e ingenuidade, oferece um terreno fértil para personagens secundários manipuladores, mas também para o seu próprio crescimento pessoal. O arco de Shu em “Guilty Crown” é um testemunho de como as experiências moldam nossa essência e nosso caminho, uma premissa que o anime ilustra com maestria até o seu clímax.

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Matheus Gimenez
Matheus Gimenezhttps://multiversoanime.com.br/
Matheus Gimenez é escritor do multiverso.com.br e um auto-declarado entusiasta do universo dos animes que não curte muito mangás, mas quando pega para ler, termina em pouquíssimo tempo.
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